Safrinha terá produção recorde neste ano em MS

Extremamente favorecido pelas chuvas do fim de abril e início de maio, o plantio do milho safrinha em Mato Grosso do Sul caminha para a projeção de safra recorde neste ano e já está com 28% da produção comercializada neste início de maio, de acordo com relatório de acompanhamento de safra da Granos Corretora. No entanto, produtores devem ficar atentos ao mercado, principalmente no início do segundo semestre, já que o cenário externo é de baixa de preços, em função dos elevados estoques internos nacionais e da boa evolução das safras norte-americana e argentina. 

A estimativa de produção este ano para a safra sul-mato-grossense de milho está mantida em 11 milhões de toneladas, beneficiada pela ausência de intempéries climáticas, e, mesmo com a ocorrência de chuvas nas últimas duas semanas, é considerada excelente para a evolução do plantio, avalia o consultor da Granos Corretora, Carlos Ronaldo Dávalos. "A projeção é de 27% a 28% de comercialização, o que é um número interessante pelo tamanho desa safra", comentou. 

No entanto, os preços pagos na saca do cereal seguem tendência baixista e não há previsão de recuperação, devendo perdurar até o segundo semestre (de julho a setembro), em função da grande oferta do produto no mercado interno e mundial. "A projeção da segunda safra brasileira está muito boa, e, associada à safra sul-mato-grossense, a gente tem um cenário que não contribui para isso", comentou. Entre os fatores, está os Estados Unidos, que vão plantar 375 milhões de toneladas, enquanto o Brasil tem a própria previsão de safra e ainda o excedente não comercializado. "Então, o cenário é de muita cautela", alertou.

Em relação aos preços, explicou, a média paga pelo comprador na saca de milho no Estado está em R$ 24, valor 20% inferior ao de três meses atrás. Quanto às médias pagas por praça, na região sul, o milho está sendo comprado por R$ 25,50, enquanto na região norte o valor está em R$ 23,50, ambas considerando o milho spot (disponível). Já em relação ao milho futuro, os valores estão em, respectivamente, R$ 22,50 para o sul e R$ 21 para o norte do Estado. "Possivelmente, vamos ter um preço abaixo do preço mínimo para Mato Grosso do Sul", apontou, frisando que o preço mínimo (fixado pelo governo federal) é de R$ 21,62 a saca.

SOJA

Ainda conforme dados da Granos Corretora, 62% da safra de soja, estimada em 8,6 milhões de toneladas, já foi comercializada em Mato Grosso do Sul. "Esse rito de comercialização vai depender muito do cenário internacional, que tem caído fortemente. O surto de peste suína na China diminuiu a demanda por soja, pressionando os preços na Bolsa de Chicago. Não vemos, a curto prazo, nenhuma melhora. A safra brasileira vai sendo incrementada dia a dia e deve chegar a 116 milhões de toneladas, contra 114 milhões de toneladas da previsão anterior. A safra brasileira deve ultrapassar os 116 milhões de toneladas, contribuindo para pressionar os estoques mundiais. 

Um outro ponto importante é o plantio norte-americano (para 2020), que está em pleno desenvolvimento e deve ficar muito próximo da safra de soja 2019. Uma bela safra dos EUA, associada às belas safras brasileira e argentina, significam uma maior oferta e pressão sobre a Bolsa de Chicago, somado à volatilidade cambial. A tendência é de que tenha uma certa estabilização [nos preços], mas estamos começando o mês de maio com preço médio de R$ 64, contra R$ 67 no início de abril. Esse fator deve limitar a dinâmica da comercialização, configurando um cenário desfavorável para o produtor. Se ele não consegue vender, há uma pressão por causa dos estoques", completou.

Aprosoja

Na avaliação do presidente da Associação dos Produtores de Soja de MS (Aprosoja-MS), Juliano Schmacke, as chuvas têm contribuído muito para o desenvolvimento do milho. "Os agricultores estão consolidando como uma safra pujante. Estimamos um avanço na área de 5,73% e uma produtividade média de 82 sacas [subiu a expectativa]. Os dados fazem com que renovemos nossa expectativa de recuperar a terceira posição do ranking nacional, assumindo novamente o 3º lugar, hoje ocupado por Goiás, que está atrás de Mato Grosso [1º] e Paraná [2º]", conclui.